Foi pelo archport que tive conhecimento do que designo como manifesto de Pax Iulia da autoria de M. Conceição Lopes da Universidade de Coimbra. Confesso que fiquei sensibilizado, daí ter decidido, mesmo sem conhecimento ou consentimento da autora, colocá-lo neste blogue. Será que reflecte um pouco o actual panorama da arqueologia em Portugal?
Aqui fica à consideração de quem quiser:
"Não temos nenhuma notícia sobre qual terá sido o impacto que teve na comunidade local a descoberta do envasamento de um grande edifício, certamente um templo romano de plano idêntico ao de Évora, que no ano de 1939 Abel Viana fez nas valas abertas para os caboucos de um reservatório para abastecimento de água à cidade de Beja.
O facto de na época ter sido enterrado e não escavado na totalidade, a ignorância a que a cidade o votou posteriormente e a importância que a cidade lhe atribui na actualidade, é surpreendente e absolutamente inversa à importância que a comunidade científica lhe atribuiu. Porque será que a comunidade se alheou do seu passado?
Ora, os vestígios que hoje se conhecem no local e se relacionam com o fortíssimo alicerce de um edifício antigo, o estado de conservação em que se encontram as estruturas dos programas urbanísticos que se desenvolveram no local, constituem um fabuloso conjunto monumental e patrimonial relacionado com a colónia romana de Pax Iulia e com outros períodos da história da cidade de Beja. E a cidade parece continuar a deinteressar-se por este património. Porque será?
Haverá que encontrar alguém que um dia queira contar a história de uma cidade que desde sempre parece ter ignorado o seu passado; de uma cidade que gasta uma significativa parcela do orçamento do programa POLIS em arqueologia, para no final apresentar como conclusão o que Vasco Mantas, Jorge de Alarcão e M. Conceição Lopes escreveram sobre a cidade; de uma cidade onde as escavações pagas pelo erário público e pela autarquia, entre outras entidades públicas, por razões várias (a necessitarem de ser relatadas) ficam cinco anos paradas - anos suficientes para serem completamente entulhadas por entulhos originados por destruições de muros de propriedades de empresas municipais e nos trabalhos de construção do Conservatório, (involuntariamente, é certo, mas que os responsáveis nunca quiseram remover ou colaborar na sua remoção), entulhos que na maior parte da área atulharam totalmente sectores escavados a cinco metros de profundidade.
Na véspera de dar por findos os trabalhos feitos no Logradouro do Conservatório Regional do Baixo Alentejo, depois de duas semanas gastas a retirar os entulhos, sem qualquer apoio, a não ser o apoio financeiro da FCT e do IPA, gostaria de anunciar à comunidade científica que eu de colaboração com alunos do Instituto de Arqueologia da FLUC reencontrámos o alicerce do edifício relatado por Abel Viana e escavámos outras estruturas que se articulam com ele. Que estamos em condições de afirmar que estivemos a escavar no ponto importante da cidade de Pax Iulia, onde os alicerces se mantêm a cerca de 5 (cinco) metros de altura e que ninguém com responsabilidades pelo património local e nacional, apesar dos convites, se interessou por este património.
Amanhã quando tapar o local talvez se tenham visto pela última vez os vestígios preservados do núcleo monumental da única colónia romana do sudoeste Peninsular. Mas essa é também outra história. Não pode ser entendida de outro modo que não seja pelo facto de a partir de certo momento um projecto científico, por processo administrativo, ser transformado em escavação de emergência!
Mas esta é uma fantástica história para contar! E esta vou eu querer contá-la muito em breve.
A história da cidade romana de Beja, também, nada me impedirá de continuar a investigar para a escrever, porque o meu único objectivo é científico!
M. Conceição Lopes
FLUC/CEAUCP"
Foi com surpresa, ao reunir notícias arqueológicas para este blogue, que descobri as seguintes declarações do Barão Stefan Von Breisky ao jornal "O Correio da Manhã" de 25 de Agosto (edição electrónica):
“Estou refugiado nos meus projectos de arqueologia subaquática . Lá para o final do mês de Setembro, a minha vida profissional fica mais desafogada e, aí sim, poderei concentrar-me na vida pessoal”
As dúvidas assaltaram-me e as questões jorraram da boca inadvertidamente : Será o Sr. Barão Arqueólogo? Será o Sr. Barão um mecenas de algum projecto arqueológico? Será que o Sr. Barão se limita a ter mergulhadores a soldo e vive desses rendimentos, identificando as suas actividades com "projectos arqueológicos"?
Aqui fica o link ...
Quem não se lembra do anúncio da BIC? E do anúncio do Quitoso ou do Restaurador Olex? Quem não se lembra das pastilhas elásticas PIRATA, dos Kalquitos, Toddy, Bom-bocas e Fá? E as séries do Marco, do D' Artacão, Tom Sawyer, Rui "O pequeno Sid"?
Tudo isto e muito mais em Mistério Juvenil de Paulo Ferreira, que nos transporta ao tempo de meninos... a boas memórias. Ouça aqui o jungle de promoção. Visite o site aqui...
Agradeço muito a quem me deu a conhecer este mistério juvenil ;)